“É muito melhor se arriscar por coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito, que não gozam muito e nem sofrem muito, porque vivem na penumbra cinzenta que não conhece nem vitória nem derrota.”

Theodore Roosevelt

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

AS "MIL E UMA NOITES" DE BRASÍLIA: EPISÓDIO DE HOJE, "AQUI-BABACAS" E OS 285* LADRÕES


Contextualização, 30-08-11Em votação secreta, o plenário da Câmara dos Deputados absolveu, por 265 votos a 166 (com 20 abstenções), a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) do processo que pedia cassação de seu mandato. Ela foi flagrada recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa.
* - Apenas uma  parcela (pequena parcela) do Total
 
285. Esse é o número.

É o número de Deputados que assistiram ao vídeo acima e não viram nada demais.
É o número de Deputados que votaram contra a cassação de Jaqueline Roriz (ou se abstiveram de participar dessa "festinha da democracia").
É o número de ladrões, ladras e gente de igual índole que vê na deputada Jaqueline Roriz mais uma vítima da perseguição do povo (maldito povo!).
É o número de comparsas que vêem em Jaqueline Roriz um exemplo de transmissão genética da política, ao seu melhor estilo (a moça é filha de Joaquim Roriz, ex-governador do D.F e ex-senador, cargo do qual renunciou em 2007 para escapar de processo de cassação)
É o número que representa uma parte do todo que quer convencer você, Policial Militar brasileiro, você Professor, você, da saúde, que não há dinheiro ou recurso público como eles gostam de chamar, para aprovar a PEC 300, a Emenda 29 ou qualquer outro projeto que signifique menos dinheio disponível para as "transações de porão", de meia e de cueca.
285, é apenas uma parte dos políticos desonestos que estão pressionando o governo com estas ameaças hipócritas de CPIs, cujo objetivo é conseguir mais cargos no governo, nas empresas ou nos ministérios. Ou você acha que alguêm quer apurar alguma coisa?

190.732.694. Esse é o número.

É o número de desafortunados brasileiros segundo o censo 2010 do IBGE.
É o número de babacas que morrem de fome...
(Que morrem assaltando... 
Que morrem assaltados...)
É o número de babacas que fazem greves idiotas que não dão em nada...
É o número de babacas que deixam seus "representantes" exigirem votação secreta em todo processo de  cassação por corrupção e acham absolutamente normal. 
É o número de babacas que saem de casa de madrugada, religiosamente, 4 meses do ano, apenas para sustentar a camarilha de Brasília (ou você acha que os impostos têm outra utilidade?)
É o número de babacas (e bota babaca nisso) que trabalham na Polícia, nas Escolas, nas Creches e nos diversos "açougues" país afora recebendo uma miséria de salário...
É o número de babacas politicamente corretos que culpam a polícia pela desordem social do país enquanto os negros, pobres e "putas" são sumariamente empurrados contra a parede da marginalização pelo sistema socioeconômico. Mas a culpa é sempre da polícia...
É o número, sobretudo, de um país burro, covarde, tolerante e moralmente incapaz, que enxerga essa roubalheira, pouca-vergonha e safadeza há 500 anos e ainda não decapitou ninguêm:
Nem um deputado sequer!

País medíocre esse Brasil...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

"CARTA"


Vídeo-Poema "Carta", de Carlos Drummond de Andrade, na voz de Paulo Autran, com edição e  "estética" produzidas pelo Blog.

Abaixo, íntegra do poema:

Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelhecí: olha, em relevo
estes sinais em mim, não das carícias
(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu menino, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
"Deus te abençoe", e a noite abria em sonho.

É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho


Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

COISAS QUE FREUD NÃO EXPLICA: GARI, O ANTI-HEROI CAPITALISTA




"Não pode haver felicidade quando as coisas nas quais acreditamos são diferentes das que fazemos". 

A Frase de Freya Stark contrasta com o atual momento da humanidade. Um tempo em que as pessoa roubam e matam ao mesmo tempo em que torcem pela paz. Um tempo em que jovens e crianças aprendem cada vez mais rápido que fazer a coisa certa é tarefa dos fracos e tolos, que cultivar uma vocação profissional só vai valer a pena quando ela facilitar sua participação no "big brother" ou quando seu instrumento de trabalho for sua bunda de melão, melancia ou outra coisa comestível.     

Hoje, vivemos a ideia de que, na vida, tudo tem um preço.
Mais do que isso, na verdade, "somos" aquilo que temos, desejando, eternamente, aquilo que ainda não temos, trocando, sempre, o ser pelo ter, como forma de acentuar uma visão de mundo que, de fato, vai dos olhos ao bolso sem passar pela alma.
Essa é a fragmentação de nossa identidade emocional, e, sobretudo, do caráter das pessoas. Afinal, se todos têm um preço, ninguém é plenamente íntegro e ninguém conhece, de fato, outra felicidade que não a oriunda do materialismo social.   

Essa é a concepção capitalista de uma sociedade de consumo que, literalmente,  elegeu o paradigma da satisfação material como pilar de sua existência. Liberdade, agora, é uma expressão vazia, sem sentido e  um lugar-comum que não diz nada a ninguém, a não ser que podemos matar, roubar e nos prostituir na TV sem que o chato do governo venha nos encher o saco.

Pra que profissão, se as pessoas podem vender o corpo, a alma ou trocar estes "produtos" por seu medíocre lugarzinho ao sol?

Talvez só o menino Petros, de 4 anos, morador de Belo Horizonte, no ápice de sua ingênue e pura visão de mundo alimente sonhos diametralmente opostos ao que este mundo voraz e egoísta espera dele.

Acreditem, o menino de "classe média", sonha em ser gari!

Vê na profissão dos lixeiros (muito nobre por sinal, na medida em que nobreza é qualidade intrínseca a qualquer profissão moralmente idônea), uma forma de satisfazer a saudável devoção dos meninos pelas atividades de correria, aventura, que envolvem máquinas, carros e sobretudo, uniformes.
O Vídeo acima, impressiona. Tem um apelo moral fantástico, porque nos leva a questionar a razão pela qual aquele menino, num universo de tantas opções profissionais, opções de mercado, diga-se de passagem,  mais viáveis e confortáveis, foi escolher justamente a profissão de gari como objeto de desejo e idolatria. 

Talvez  a manifestação do pequeno Petros seja só um devaneio de criança, do menino que viu e se divertiu com a correria dos "caras uniformizados" entrando e saindo, freneticamente, pelas ruas do seu bairro atrás de um "caminhão-basculante", que embora sujo e de odor não agradável, é o (brinquedo) sonho de consumo de todo menino, rico ou pobre.

Talvez a opção do garoto, seja, de fato, o chamado que inspira sentido e valor à palavra vocação, que independe de apelos comerciais e que já tenha, desde cedo, fisgado-lhe a atenção. Creio que, no mundo de hoje, apenas as crianças AINDA consigam enxergar coisas assim.

Mas provavelmente, a opção do menino é um alerta para esta sociedade corrompida e suja, a prova de que, no mundo vazio e carente de herois de hoje em dia, o menino tenha encontrado na figura do simples gari brasileiro, uma forma de carisma e magnetismo que não se encontra mais por aí.

O Metabolismo cruel e artificial da sociedade de consumo, aniquilou os herois de outra época, super-homens e "he-mans", homens do bem que defendiam o mundo das "forças-do-mal",  foram trocados por jogos de violência e exploração sexual.   
O Heroísmo do gari e seu misterioso magnetismo que atraiu este e outros meninos, talvez seja explicado pelo fato de que, ao contrário de nossos líderes e herois enlatados, o gari, incrível e paradoxalmente, não tenha se “sujado” com a corrupção, com a pornografia, com a mediocridade e com os diversos "cânceres" do mundo contemporâneo: "lixos" modernos de nossa sociedade. O menino Petros, quem sabe, seja a semente de uma geração prometida a milênios pra varrer nosso mundo da mediocridade instalada.

Gari, o heroi que luta para limpar nossas ruas, é, de fato, um heroi legítimo daqueles  que,  embora vejam, não compreendem ,"AINDA", toda "sujeira" do mundo.  

domingo, 7 de agosto de 2011

A POLÍTICA E A DICOTÔMICA "FRAQUEZA CIVIL".

Ex-Ministro da Defesa Nelson Jobim















"Reis e Peões. Imperadores e Tolos."

Esta é a frase com a qual  Napoleão Bonaparte, na "obra" de Alexandre Dumas, ironiza as relações sociais sob o enfoque da correlação entre os opostos, mais precisamente, na curiosa dependência entre os extremos: Fortes e fracos, ricos e pobres, senhores e escravos.

Assim é, na vida, as relações sociais mais comumente reproduzidas ao longo da história. É assim que o descreve Marx em sua luta de classes.

Na política, não é diferente.

Força e fraqueza, aqui, estão intimamente ligadas à conquista e à manutenção do poder. Geram a mais conhecida e tangível relação de extremos sociais:  a de Governo e governados.

Ele, o governo, talvez seja a mais perfeita encarnação da força (geralmente o governo é a própria força), em contraponto às massas sociais, extremo de fragilidade e de debilidade dessa relação.

Em seu Leviatã, Hobbes pontuou iconograficamente esse flagelo. E assim é a política. Eterna tensão pela conquista e manutenção do poder.

Na historia da humanidade, essa tensão é, via de regra, a causa e, curiosamente, o efeito das ações do governo.

O Caso do Ministro Jobim registra bem essa anômala relação causa-efeito..

Jobim, ex-ministro da defesa, encarnava bem o papel sugerido pela pasta. Chegou a "vestir" farda, endureceu seu discurso político e passou a representar, de uma forma ou de outra, através da pasta da defesa, uma sólida coluna de força do governo. A Defesa, então, deixou de ser um posto de tenencia e de "políticos fraquinhos" para encabeçar a política nacional. Voltou, enfim, a ser o assunto do Estado.  

Jobim bebeu da fonte, e se encantou.
Passou a criticar seus colegas da esplanada, ditos mais frágeis, menos incisivos. Segundo ele próprio, os "fraquinhos".

Esse entrevero ideológico, entretanto, custou sua saída do governo. Mas Jobim deixou seu recado.
Curioso é que, à revelia de um latente sentimento de desconforto com a postura de Jobim, parece-me que, de fato, o governo levou a sério e considerou, e muito, essa necessidade de pulso, de força, celebrada pelo ex-ministro. 

Na mesma semana da degola de Jobim, recheou o Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre-  DNIT, de altos militares, que passaram a ocupar a cúpula do órgão federal, em crise moral e de probidade desde os recentes episódios de corrupção e exoneração em massa dos antigos chefes da pasta. A Troca, numa clara e desesperada tentativa de recuperação moral do DNIT contrasta com a genérica e enraizada ideia da sociedade acerca dos militares, que tem contra sí, um antigo e idiota revanchismo civil alimentado por gente que não leu, direito, a história do país.
 
É Curioso observar que os militares, notoriamente achincalhados, como Instituição, por qualquer deslize isolado de um de seus membros, são, SEMPRE, o achado perfeito para a solução das crises.
É Curioso inferir que o militar, que segundo a lógica civil brasileira, é sinônimo de abuso de poder, de corrupção, de propina e de violência, seja SEMPRE uma espécie de remédio moral para a nação.
É Curioso como gostam de achincalhar os militares, seus modos, rotinas e "hábitos", quando o que se vê, na verdade, são pessoas que, ao mesmo tempo em que reproduzem, por osmose, o discurso hipócrita de "que a farda modela o corpo, mas atrofia a mente", na primeira oportunidade que se lhe apresentam, adoram colocar um uniforme militar e envergar a indumentária castrense.

Jobim é só mais um que trocou o terno pela farda. Nesse caso, a Toga pela farda.


O Brasil é um pobre menino "militardependente".

A reação da presidente Dilma para solucionar a crise do DNIT, é um claro esboço dessa dicotômica fraqueza civil narrada por Jobim.

Com essa nova composição do DNIT, nos termos em que foi providenciada, acentua-se a ideia de que existe, de fato, uma dependência da sociedade em relação às  Instiuições Militares, que, queiramos ou não aceitá-lo, na atual conjuntura de perversão moral  da política e dos valores socialmente aceitos, representam uma espécie de ultima ratio da lei, da ordem, da hierarquia, da eficiência e da disciplina, princípios que, no Brasil, são facilmente trocados por favores políticos.
 
Os militares, de novo, vão salvar o País?