"Não pode haver felicidade quando as coisas nas quais acreditamos são diferentes das que fazemos".
A Frase de Freya Stark contrasta com o atual momento da humanidade. Um tempo em que as pessoa roubam e matam ao mesmo tempo em que torcem pela paz. Um tempo em que jovens e crianças aprendem cada vez mais rápido que fazer a coisa certa é tarefa dos fracos e tolos, que cultivar uma vocação profissional só vai valer a pena quando ela facilitar sua participação no "big brother" ou quando seu instrumento de trabalho for sua bunda de melão, melancia ou outra coisa comestível.
Hoje, vivemos a ideia de que, na vida, tudo tem um preço.
Mais do que isso, na verdade, "somos" aquilo que temos, desejando, eternamente, aquilo que ainda não temos, trocando, sempre, o ser pelo ter, como forma de acentuar uma visão de mundo que, de fato, vai dos olhos ao bolso sem passar pela alma.
Essa é a fragmentação de nossa identidade emocional, e, sobretudo, do caráter das pessoas. Afinal, se todos têm um preço, ninguém é plenamente íntegro e ninguém conhece, de fato, outra felicidade que não a oriunda do materialismo social.
Mais do que isso, na verdade, "somos" aquilo que temos, desejando, eternamente, aquilo que ainda não temos, trocando, sempre, o ser pelo ter, como forma de acentuar uma visão de mundo que, de fato, vai dos olhos ao bolso sem passar pela alma.
Essa é a fragmentação de nossa identidade emocional, e, sobretudo, do caráter das pessoas. Afinal, se todos têm um preço, ninguém é plenamente íntegro e ninguém conhece, de fato, outra felicidade que não a oriunda do materialismo social.
Essa é a concepção capitalista de uma sociedade de consumo que, literalmente, elegeu o paradigma da satisfação material como pilar de sua existência. Liberdade, agora, é uma expressão vazia, sem sentido e um lugar-comum que não diz nada a ninguém, a não ser que podemos matar, roubar e nos prostituir na TV sem que o chato do governo venha nos encher o saco.
Pra que profissão, se as pessoas podem vender o corpo, a alma ou trocar estes "produtos" por seu medíocre lugarzinho ao sol?
Talvez só o menino Petros, de 4 anos, morador de Belo Horizonte, no ápice de sua ingênue e pura visão de mundo alimente sonhos diametralmente opostos ao que este mundo voraz e egoísta espera dele.
Acreditem, o menino de "classe média", sonha em ser gari!
Vê na profissão dos lixeiros (muito nobre por sinal, na medida em que nobreza é qualidade intrínseca a qualquer profissão moralmente idônea), uma forma de satisfazer a saudável devoção dos meninos pelas atividades de correria, aventura, que envolvem máquinas, carros e sobretudo, uniformes.
O Vídeo acima, impressiona. Tem um apelo moral fantástico, porque nos leva a questionar a razão pela qual aquele menino, num universo de tantas opções profissionais, opções de mercado, diga-se de passagem, mais viáveis e confortáveis, foi escolher justamente a profissão de gari como objeto de desejo e idolatria.
Talvez a manifestação do pequeno Petros seja só um devaneio de criança, do menino que viu e se divertiu com a correria dos "caras uniformizados" entrando e saindo, freneticamente, pelas ruas do seu bairro atrás de um "caminhão-basculante", que embora sujo e de odor não agradável, é o (brinquedo) sonho de consumo de todo menino, rico ou pobre.
Talvez a opção do garoto, seja, de fato, o chamado que inspira sentido e valor à palavra vocação, que independe de apelos comerciais e que já tenha, desde cedo, fisgado-lhe a atenção. Creio que, no mundo de hoje, apenas as crianças AINDA consigam enxergar coisas assim.
Mas provavelmente, a opção do menino é um alerta para esta sociedade corrompida e suja, a prova de que, no mundo vazio e carente de herois de hoje em dia, o menino tenha encontrado na figura do simples gari brasileiro, uma forma de carisma e magnetismo que não se encontra mais por aí.
O Metabolismo cruel e artificial da sociedade de consumo, aniquilou os herois de outra época, super-homens e "he-mans", homens do bem que defendiam o mundo das "forças-do-mal", foram trocados por jogos de violência e exploração sexual.
O Heroísmo do gari e seu misterioso magnetismo que atraiu este e outros meninos, talvez seja explicado pelo fato de que, ao contrário de nossos líderes e herois enlatados, o gari, incrível e paradoxalmente, não tenha se “sujado” com a corrupção, com a pornografia, com a mediocridade e com os diversos "cânceres" do mundo contemporâneo: "lixos" modernos de nossa sociedade. O menino Petros, quem sabe, seja a semente de uma geração prometida a milênios pra varrer nosso mundo da mediocridade instalada.
Gari, o heroi que luta para limpar nossas ruas, é, de fato, um heroi legítimo daqueles que, embora vejam, não compreendem ,"AINDA", toda "sujeira" do mundo.
Grande junior, parabéns pela sua ultima conquista e seje muito feliz em sua nova graduação. Faça com que todos aqueles que estejam ao seu redor sigam seu exemplo de lutas e conquistas e, sobretudo, de profissionalismo. Saiba que és exemplo a ser seguido até por pessoas que sequer o conhecem.
ResponderExcluirQue deus abençoe vc e sua familia.