“É muito melhor se arriscar por coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito, que não gozam muito e nem sofrem muito, porque vivem na penumbra cinzenta que não conhece nem vitória nem derrota.”

Theodore Roosevelt

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

COISAS QUE FREUD NÃO EXPLICA: GARI, O ANTI-HEROI CAPITALISTA




"Não pode haver felicidade quando as coisas nas quais acreditamos são diferentes das que fazemos". 

A Frase de Freya Stark contrasta com o atual momento da humanidade. Um tempo em que as pessoa roubam e matam ao mesmo tempo em que torcem pela paz. Um tempo em que jovens e crianças aprendem cada vez mais rápido que fazer a coisa certa é tarefa dos fracos e tolos, que cultivar uma vocação profissional só vai valer a pena quando ela facilitar sua participação no "big brother" ou quando seu instrumento de trabalho for sua bunda de melão, melancia ou outra coisa comestível.     

Hoje, vivemos a ideia de que, na vida, tudo tem um preço.
Mais do que isso, na verdade, "somos" aquilo que temos, desejando, eternamente, aquilo que ainda não temos, trocando, sempre, o ser pelo ter, como forma de acentuar uma visão de mundo que, de fato, vai dos olhos ao bolso sem passar pela alma.
Essa é a fragmentação de nossa identidade emocional, e, sobretudo, do caráter das pessoas. Afinal, se todos têm um preço, ninguém é plenamente íntegro e ninguém conhece, de fato, outra felicidade que não a oriunda do materialismo social.   

Essa é a concepção capitalista de uma sociedade de consumo que, literalmente,  elegeu o paradigma da satisfação material como pilar de sua existência. Liberdade, agora, é uma expressão vazia, sem sentido e  um lugar-comum que não diz nada a ninguém, a não ser que podemos matar, roubar e nos prostituir na TV sem que o chato do governo venha nos encher o saco.

Pra que profissão, se as pessoas podem vender o corpo, a alma ou trocar estes "produtos" por seu medíocre lugarzinho ao sol?

Talvez só o menino Petros, de 4 anos, morador de Belo Horizonte, no ápice de sua ingênue e pura visão de mundo alimente sonhos diametralmente opostos ao que este mundo voraz e egoísta espera dele.

Acreditem, o menino de "classe média", sonha em ser gari!

Vê na profissão dos lixeiros (muito nobre por sinal, na medida em que nobreza é qualidade intrínseca a qualquer profissão moralmente idônea), uma forma de satisfazer a saudável devoção dos meninos pelas atividades de correria, aventura, que envolvem máquinas, carros e sobretudo, uniformes.
O Vídeo acima, impressiona. Tem um apelo moral fantástico, porque nos leva a questionar a razão pela qual aquele menino, num universo de tantas opções profissionais, opções de mercado, diga-se de passagem,  mais viáveis e confortáveis, foi escolher justamente a profissão de gari como objeto de desejo e idolatria. 

Talvez  a manifestação do pequeno Petros seja só um devaneio de criança, do menino que viu e se divertiu com a correria dos "caras uniformizados" entrando e saindo, freneticamente, pelas ruas do seu bairro atrás de um "caminhão-basculante", que embora sujo e de odor não agradável, é o (brinquedo) sonho de consumo de todo menino, rico ou pobre.

Talvez a opção do garoto, seja, de fato, o chamado que inspira sentido e valor à palavra vocação, que independe de apelos comerciais e que já tenha, desde cedo, fisgado-lhe a atenção. Creio que, no mundo de hoje, apenas as crianças AINDA consigam enxergar coisas assim.

Mas provavelmente, a opção do menino é um alerta para esta sociedade corrompida e suja, a prova de que, no mundo vazio e carente de herois de hoje em dia, o menino tenha encontrado na figura do simples gari brasileiro, uma forma de carisma e magnetismo que não se encontra mais por aí.

O Metabolismo cruel e artificial da sociedade de consumo, aniquilou os herois de outra época, super-homens e "he-mans", homens do bem que defendiam o mundo das "forças-do-mal",  foram trocados por jogos de violência e exploração sexual.   
O Heroísmo do gari e seu misterioso magnetismo que atraiu este e outros meninos, talvez seja explicado pelo fato de que, ao contrário de nossos líderes e herois enlatados, o gari, incrível e paradoxalmente, não tenha se “sujado” com a corrupção, com a pornografia, com a mediocridade e com os diversos "cânceres" do mundo contemporâneo: "lixos" modernos de nossa sociedade. O menino Petros, quem sabe, seja a semente de uma geração prometida a milênios pra varrer nosso mundo da mediocridade instalada.

Gari, o heroi que luta para limpar nossas ruas, é, de fato, um heroi legítimo daqueles  que,  embora vejam, não compreendem ,"AINDA", toda "sujeira" do mundo.  

Um comentário:

  1. Grande junior, parabéns pela sua ultima conquista e seje muito feliz em sua nova graduação. Faça com que todos aqueles que estejam ao seu redor sigam seu exemplo de lutas e conquistas e, sobretudo, de profissionalismo. Saiba que és exemplo a ser seguido até por pessoas que sequer o conhecem.

    Que deus abençoe vc e sua familia.

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário Aqui!