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Polícia de Luto |
"É proibido matar, e, portanto, todos os
assassinos são punidos, a não ser que o façam em larga escala e ao som de
trombetas".
A Frase acima é um clássico manifesto do francês
Voltaire em relação à mão suja do Estado no período sangrento que antecedeu a
Revolução Francesa. Voltaire, com seu habitual sarcasmo, se referia à máquina
de repressão, assassinatos em massa e espoliação coletiva dirigida pelo Estado
Absolutista em contraposição ao grito de liberdade, igualdade e fraternidade da
população de seu país.
Dois séculos se passaram, e a frase parece mais
atual do que nunca. Não na França, é claro, onde o conceito de democracia,
cidadão e civilização são diametralmente opostos à desordem cívica, social,
jurídica, política e moral do nosso desgraçadamente criminoso Estado
brasileiro.
Um país que mata seus servidores e esconde a mão
suja de sangue.
Um país que mata seus policiais, juízes,
promotores e agentes da lei em função da letargia e da morosidade quase anêmica
de seus gestores públicos, em sua maioria, pilantras travestidos de
governadores, prefeitos e secretários de segurança. Corja de gente mal
instruída que nunca conseguiu administrar nada além de sua consciência
política, medida em cifras, "mesadas" e cargo políticos.
Pra essa gente, vida de policial não vale nada.
Pra essa gente, farda é pra ser manchada de
sangue, seja ela de um inocente ou de um vilão.
Pra quem é policial, e cresceu acreditando que o
"lado de cá" é o lado do bem, é difícil lidar com a realidade nua e
crua de que a violência, quase sempre, é um fantoche e um brinquedinho do
mercado. Dói acreditar que o Estado de São Paulo sabia da iminente investida do
"PCC" em desfavor de seus agentes policiais e se omitiu em divulgar
estas informações.
A
reportagem do Fantástico é emblemática,
contundente. Revela com assustadora riqueza de
detalhes a omissão da secretaria de segurança paulista em providenciar as
medidas de alerta à tropa e à população, diante da iminente onda de
ataques do crime organizado contra policiais e seus familiares. O Estado de São
Paulo, claro, nega que soubesse da onda de ataques. Refuta a informação e tenta
negligenciar
(coisa que, ao que parece, sabe fazer com perfeição) que
está lidando com um cataclisma institucional, quando se vê impotente diante da
intentona terrorista engendrada pelo crime.
E não adianta processar blogs e mídias sociais
mais frágeis. Os dados da "revista" dominical da Globo estão aí, não
é um mito, conversa fiada ou notícia plantada. É um fato.
São Paulo está diante de um dilema social que o
Estado Brasileiro, como um todo, ignora. Suas leis e instituições estruturais
estão sendo ostensivamente desafiadas, minadas e dilapidadas.
A Vida de quem luta pela vida não vale
absolutamente nada. A gente acaba percebendo que tem sempre uma explicação fajuta
pra despistar os fatos e enganar a sociedade, que, ignorante, cospe na Polícia. Essa mão suja de sangue que puxa
o gatilho do crime não é a mão da Polícia, nem do "PCC" ou do crime
organizado: é do próprio Estado.
Com seu salário de merda e "proteção
social" inexistente, o Estado ativa um ciclo de vida que reduz a dignidade
das pessoas, aumenta a marginalização social (dos policiais, inclusive) e torna
ínfimo o caráter de reprimenda da Lei diante do crime. É desse modo que cometem
esse genocídio e continuam a enviar NOSSA Polícia pros corredores de açougue
onde a morte certa a espera. Cedo ou tarde, metafórica ou literalmente, NOSSA
Polícia morre.
Com ela morre a saúde, a educação, o lazer, o
esporte, os direitos e qualquer outra coisa que uma democracia dignamente
constituída possibilita ao cidadão de bem.
Por tudo isso, quero dizer ao Estado
de São Paulo (ente jurídico, e não sua tenaz população) que vá para o Inferno! Ele e seus fantoches políticos, assassinos
de policiais, de juízes, de cabos, soldados, investigadores, oficiais, promotores, garis, professores, médicos, empresários,
estudantes, advogados, comerciantes, pais, mães, filhos, homens e mulheres de bem desse
país.
São Paulo,vá para o Inferno!