“É muito melhor se arriscar por coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito, que não gozam muito e nem sofrem muito, porque vivem na penumbra cinzenta que não conhece nem vitória nem derrota.”

Theodore Roosevelt

domingo, 3 de julho de 2011

FRANZ KAFKA.

Franz Kafka
Poucas datas tem tanta importância para a literatura mundial quanto aquelas que trazem ao mundo, os indeléveis gênios da escrita.

Hoje, 3 de Julho, aniversário de nascimento de Franz Kafka, é uma dessas ocasiões. Por sí só, dispensa postagens complexas, descrições de estilo e outras elocubrações. Mais um daqueles raros casos em que a obra fala por si mesma e pelo próprio autor.

O leitor, entretanto, pode se perguntar que tipo de homem é esse que a título de resposta ao próprio pai é capaz de escrever uma das maiores relíquias da literatura universal, fazendo de seu tormento pessoal o testemunho de uma vida aniquilada e a expressão mais efusiva de um desabafo. Em maio de 1919 Franz Kafka editou uma Carta de mais de 50 páginas, tudo, para responder a uma indagação do pai. Ele nunca a enviou, mas sua "Carta ao Pai" tornou-se uma epístola à posteridade, um grito de desespero ante a figura dominadora do pai, um serrote colocado ao pé do cárcere humano.

Kafka nasceu em Praga, a 3 de julho de 1883, filho de um bem sucedido casal de judeus. Sua vida familiar é marcada pela figura dominadora do pai, comerciante próspero que fez do sucesso material a tábua de valores para sí e para os outros. “Na obra de Kafka, a figura paterna aparece associada tanto à opressão quanto à aniquilação da vontade humana”, especialmente nesta célebre Carta ao Pai.

Formado em Direito pela Universidade de Praga, Kafka passou a frequentar os círculos literários e políticos de sua comunidade judaico-alemã, tendo empregado-se mais tarde como inspetor de seguros numa Companhia de seguros da Boehmia. À epoca dos estudos, conheceu Max Brod, seu grande amigo e posterior biógrafo e depositário de sua obra.

A Vida emocional de Kafka foi um “campo de batalha”, teve diversos noivados e amores infelizes, circunstancias que lhe impregnaram o sentimento de solidão e desamparo, frustações que jamais o abandonaria e que tornar-se-iam, inclusive, sua marca literária. Não bastasse as atribulações de ordem sentimental, Kafka contraiu tuberculose, passando a submeter-se a longos períodos de repousos e tratamentos, fenômenos fisiológicos que fizeram dele um escravo de sanatórios e balneários.

Em que pese o inferno astral que teimava-lhe em roubar a capacidade de expressão e ignorando os pensamentos de suicídio, antes fazendo deles uma mola propulsora para escrever, Kafka produziu as maiores pérolas da literatura mundial. Contos, cartas e diários constituem uma fortuna crítica que fizeram dele um baluarte do século XX. Sua característica vai da prosa ao romance, da ficção às narrativas do cotidiano. Seus escritos não se encaixam em nenhum estilo literário tradicional, o que torna seu “magistério” ainda mais peculiar: “O EVANGELHO DA PERDA”, “O POETA DA PENUMBRA”, “O ESCRITOR DO LUZCO-FUZCO”, são vocativos referencias que lhe acompanham.

O Poeta da penumbra imortalizou personagens neurastênicos como Gregor Samsa e Josef K., além de aforismos e fragmentos literários como a passagem “À porta da Lei” (Cap.IX de O Processo) ou o trecho de Carta ao Pai que diz: “Minha atividade de escritor tratava de tí, nela eu apenas me queixava daquilo que não podia me queixar junto a teu peito” . A obra de Kafka deu vida a movimentos artísticos como o surrealismo, o existencialismo e o teatro do absurdo, criando esteriótipos e paradígmas que fizeram dele mais que um escritor, ele tornou-se a Literatura em seu Próprio Crepúsculo. 

Entre suas obras imortais estão a já mencionada Carta ao Pai, O Processo, A Metamorfose, Na Colonia Penal, O Castelo, além de O Veredicto e Um Artista da Fome. 

Kafka morreu em 3 de Junho de 1924, um mês antes de completar 41 anos, em Kierling, na Áustria, sem conhecer fama ou ter qualquer reconhecimento literário. 

Antes de falecer, entretanto, Franz Kafka pediu a Max Brod que queimasse seus arquivos ainda não publicados (entre eles, O processo), no que, felizmente, não foi atendido, para nosso bem e para riqueza da Literatura.

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